O Início
É na pitoresca São João del Rei que, aos 8 de março de 1888, chega o Dr. Armênio, nomeado aos 10 de fevereiro, para ocupar o cargo de Engenheiro Chefe da Comissão de Medição de Terras. As finalidades da Comissão foram claramente explicitadas por ele em ofício de 22 de março, encaminhado ao Presidente da Província:
“(...) comunico a V. Exª que a Comissão à meu cargo tem por fim: não só a medição e demarcação de lotes para o estabelecimento de um núcleo colonial em terras adquiridas pelo Estado, como também a discriminação de terras devolutas pertencentes ao Estado, das do domínio particular(...)”. (grafia atual)
Mais tarde, em relatório datado de 30 de abril complementa:
“ (...) e estabelecimento de imigrantes nesse núcleo (...)” (grafia atual).
Eram então, o Presidente da Província de Minas Gerais e Inspetor Geral de Terras e Colonização, respectivamente, o Dr. Luiz Eugênio Horta Barbosa e o Tenente Coronel Francisco de Barros e Accioli de Vasconcellos.
Aos 9 de março, portanto no dia seguinte ao da chegada do Dr. Armênio, assumem os cargos de Engenheiro Auxiliar o Dr. Jerônimo Francisco Coelho, de Agrimensor o Sr. Pedro Zanith e o de Escriturário o Sr. Jerônimo Euclides da Silva, como parte da equipe de trabalho. Ainda nesse mesmo mês incorpora-se à equipe o Engenheiro Ajudante Dr. José Lopes Pereira de Carvalho.
Essas pessoas, durante toda a fase de instalação do núcleo colonial, trabalharam com extrema dedicação e zelo, afastando-se dos serviços que lhes foram confiados somente por motivo de doença que requeresse cuidado especial. E aos 10 de março são efetivamente iniciados os trabalhos.
Os Primeiros Trabalhos
Percorrendo as terras situadas à margem direita do rio das Mortes, Dr. Armênio distribuiu o serviço a ser feito em três turmas: coube à primeira, chefiado por ele, o levantamento do perímetro de toda a região; à segunda, chefiada pelo Engenheiro Coelho, coube o levantamento das estradas, caminhos, pequenos cursos d´água e outros detalhes; à terceira coube a confecção da planta do rio das Mortes e Carandaí, chefiada pelo Agrimensor Zanith.
Os trabalhos desenvolveram-se com presteza e dentro das expectativas, pois aos 30 de abril o Engenheiro Chefe comunicava que já havia organizado a planta da área e estudado a melhor forma de dividir os lotes, optando pelas “ (...) terras situadas na margem direita do rio das Mortes, onde é preferível estabelecer logo os imigrantes(...) “
Dando mostras de sua meticulosidade nos trabalhos o Dr. Armênio, no intuito de registrar as variações climáticas locais, mandou instalar, no próprio escritório da Comissão, situado na praça do Matozinhos, uma estação metereológica, equipada com todos os instrumentos necessários. Três observações diárias eram feitas (às 4h e 10 min, 9 h e 7 min, 16 h e 10 min). Para o Observatório Astronômico, no Rio de Janeiro, eram encaminhados diariamente por telegrama, os resultados das observações feitas às 9h e 7 min (hora do Rio de Janeiro). Cumpria-se, assim, uma determinação do Serviço Metereológico do Império.
Parte da zona adquirida pelo Estado, para a instalação do núcleo colonial, situava-se no município de São José Del Rei (hoje Tiradentes). Uma comprovação do interesse e da acolhida dada à iniciativa de instalação do núcleo colonial, pode ser vista por um documento encaminhado à Inspetoria Geral de Imigração, em 24 de abril, por moradores de São José del Rei, que em parte transcrevemos a seguir:
“(...) Agora constando aos abaixo assinados, habitantes desta mesma Cidade, que o Governo Imperial trata de estabelecer um núcleo colonial nas confluências dos rios das Mortes e Carandaí, medida esta de subido alcance para esta Cidade, e existindo a maior parte desse terreno sem habitação alguma, e sendo certo que ele limita-se com a Fazenda do Marçal comprada pelo Governo, os abaixo assinados, sucessores legítimos daqueles concessionários, e que sobremaneira desejam o engrandecimento e prosperidade deste lugar, vêm respeitosamente suplicar a V. Ex.ª que se digne, em seu nome, ofertar ao Governo de S. M. Imperial o referido terreno, nas margens do rio das Mortes, para nele se estender o projetado núcleo colonial (...)”. (grafia atual).
Apesar de não poder contar com o Engenheiro Auxiliar Jerônimo Coelho, no período de 5 de maio a 23 de agosto, por motivo de doença, o Dr. Armênio, competentemente, dirige sua eficiente equipe de trabalho, solicitando ao Inspetor Geral, aos 10 de setembro, definição quanto ao tipo de moradia a ser construída e envia os respectivos orçamentos.
Digno de referência é o cuidado demonstrado no acerto das despesas e na realização da contabilidade da Comissão. Não obstante a lentidão do envio dos recursos pela Tesouraria da Fazenda, vê-se, pelos relatos do Dr. Armênio, a preocupação em manter absoluta correção e controle dos gastos públicos, costume que nos parece, foi há muito esquecido...
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